Terapia Comunitária com Grupo de Mulheres

Terapia Comunitária com Grupo de Mulheres

Terapia Comunitária com Grupo de Mulheres

O contexto da formulação de políticas públicas voltadas à mulher

A percepção de integralidade como cuidado ampliado é fundamental no processo de formulação de políticas públicas, sobretudo as voltadas para mulheres e suas necessidades físicas, mentais, afetivas e espirituais. É imprescindível que se veja a mulher como indivíduo, parte de um grupo social e ser subjetivo.

No processo histórico da humanidade, as mulheres sempre foram colocadas em situação de desigualdade, submissão, depreciação e supressão.

Os campos de atuação para cada sexo é uma construção social sobreposta a um corpo sexuado. É uma forma primeira de significação de poder. E quando essa concepção de papéis toma forma, por meio de atributos que determinam o que significa ser homem ou ser mulher é que se entende o quanto são heterogêneos estas formas. E a mulher é o lado desprotegido dessa desigualdade. A essência da questão é que isso retrata no fazer políticas, no refletir em saúde da mulher, nas ações de cuidado voltadas à mulher, e acima de tudo no ser mulher. Entendemos como de suma importância a existência e eficácia de políticas públicas voltadas à mulher.

O Brasil é um país marcado por distintas realidades que envolvem desigualdades de gênero e exclusão social, influenciados, entre outras questões, pela má distribuição de renda e, em muitos casos, pela ineficácia na implementação de políticas públicas, especialmente as de defesa dos direitos sociais das mulheres. Diante destas necessidades, nós do Instituto Alce colocamos a mulher como ser protagonista na Roda de Terapia Comunitária com Grupo de Mulheres, buscando a autonomia, cidadania e emancipação da mulher num todo, possibilitando uma dinâmica de inclusão e empoderamento.

Desigualdades de gênero

A luta pelo poder, entre gêneros, incide na sua atual condição de vida. A mulher vive sob coação e submissão ao masculino. Essa situação aponta para a sua capacidade de superar adversidades, ao longo de sua existência, na luta travada para transformar as desigualdades, a discriminação e a inferioridade a que são submetidas. A inclusão destas mulheres na rede de cuidados deve buscar a emancipação, não meramente política, mas, antes de tudo, uma emancipação pessoal, social e cultural, que permita, dentre outras coisas, o não-enclausuramento de tantas formas de existência banidas do convívio social. Espera-se que a mulher passe a encampar todas as esferas e espaços sociais; que permita um olhar mais complexo que o generalizante olhar do igualitarismo; e busque a convivência tolerante com a diferença.

As concepções da Roda de Terapia Comunitária com Grupo de Mulheres

A Roda de Terapia Comunitária é um espaço de inclusão, utilizada para se trabalhar as desigualdades sociais e de gênero. Ela foi criada pelo Prof. Dr. Adalberto de Paula Barreto, psiquiatra, antropólogo e teólogo, professor do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, sendo desenvolvida na comunidade do Pirambu, onde se realiza um trabalho de apoio a indivíduos e a famílias que vivem situações de sofrimento psíquico.

Nosso projeto com grupo de mulheres busca auxiliar as mesmas a sairem de um possível sofrimento e submissão, a atingir liberdade interior e autonomia, concedendo às pessoas do grupo que se tornem mais conscientes e autoras de sua própria história. É olhar para dentro de si no sentido ampliado, com uma maior consciência sobre si, ampliando a percepção dos seus problemas e possibilidades de resoluções a partir de suas competências pessoais. A ideia da formação do grupo de mulheres é estimular a criatividade na construção de seu presente e seu futuro a partir de seus próprios recursos, acreditando no potencial da coletividade e competência das mulheres em se auto-gerir.

O Instituto Alce tem plena convicção de que a experiência com grupo de mulheres é uma eficiente ferramenta para integração social. Este trabalho possibilita a prática de a mulher olhar para si mesma, aceitar-se, refletir sobre sua história de vida e até mesmo sobre a história de outras mulheres que vivem ou que já viveram experiências semelhantes. Valorizam-se os saberes produzidos pela experiência de vida de cada uma, rompendo com preconceitos e fatores limitantes.

Resignificar novos sentidos para a própria vida em companhia de outras pessoas que têm ou tiveram experiências semelhantes é extremamente significativo. Contribui para a reflexão de descoberta de alternativas de enfrentamento dos problemas, propiciando a solidariedade, a humanização e, acima de tudo, amplificando a qualidade de discernimento sobre as escolhas e sentimentos.

O objetivo da Roda de Terapia Comunitária com Grupo de Mulheres não é outro se não promover saúde, socialização, tendo como base de sustentação o estímulo para a construção de vínculos solidários e promoção da vida.  Nessas vivências ninguém é melhor que ninguém, todas se respeitam, todas têm um lugar e a oportunidade de fala, todas se tornam co-responsáveis na busca de soluções e superação dos desafios do cotidiano.

A resiliência é marca da força da mulher

Durante as Rodas de Terapia Comunitária com Grupo de Mulheres, nós do Instituto Alce, observamos nas participantes muitas particularidades resilientes, como a alta capacidade de resistência, facilidade de construção coletiva, grande capacidade de amar, de crescer profissionalmente e de estabelecer trocas com o mundo. Com isso, acreditamos que as relações de troca e de experiências vividas entre as mulheres participantes induzem esses atributos, trazendo sentido ao seu sofrimento.

A vinculação da mulher e o processo de resiliência advém da mulher como um ser capaz de reconhecer no outro aquilo que ela reconhece em si mesma, através das suas próprias soluções, superando as dificuldades impostas pelo seu meio e convívio social.

A resiliência foi um termo trazido e utilizado, primeiramente, pela Física, e significa a capacidade de um material voltar ao seu estado normal, depois de ter sofrido uma pressão. As ciências humanas utilizam esse termo para qualificar a capacidade de um indivíduo ter uma conduta sã, num ambiente insano, ou seja, a capacidade de sobrepor-se e construir-se, positivamente, frente às adversidades.

A Roda de Terapia Comunitária tem a capacidade de despertar em seus integrantes o poder de desenvolverem ferramentas de enfrentamento para dores psicológicas adquiridas pelas relações de desigualdade, dos conflitos de gênero, desafiando os princípios da cultura capitalista, permeada por disputas, onde os poderosos se fortalecem permanentemente, e os desfavorecidos, cada vez, são lançados a margem daquilo que é socialmente imposto.

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