Aspectos Comportamentais da Adolescência
Período de importantes mudanças
O período da adolescência é marcado por inúmeras transformações na personalidade do sujeito. É um período chave, em que o jovem sai da infância e aborda o mundo adulto, o que significa que ele deve de agora em diante dirigir a sua vida, falar em seu nome e tomar decisões importantes que terão impactos profundos na construção do seu Eu.
Esse período do desenvolvimento simboliza um momento de separação, de ruptura, de quebra. É antes de tudo um trabalho de luto. É a renúncia à segurança da infância e a seu meio protetor. O adolescente é impactado por um turbilhão de sensações, sentimentos e emoções. Seu corpo, sob o ímpeto pubertário, transforma-se. Pulsões desconhecidas do sujeito se manifestam e a questão da escolha sexual torna-se decisiva.
A contradição entre o desejo de se afastar da família, de se tornar autônomo, e o desejo de ficar sob sua proteção é uma contradição difícil de ser vivida pelo adolescente, bem como para seus pais.
Em outras palavras, é preciso crescer, tornar-se adulto, seguir a jornada do amadurecimento. E nesse caminho de maturação e crescimento, o desejo de ir e o medo do desconhecido se misturam. Esse choque de emoções e a falta de uma educação no que tange ao controle e equilíbrio emocional pode desencadear comportamentos de isolamento profundo, irritabilidade excessiva e baixa autoestima no adolescente. Não é fácil acomodar todas essas mudanças.
Nesse cenário, um fator de extrema importância é o diálogo e a promoção de espaços de fala e escuta desse adolescente em desenvolvimento. E nada melhor que proporcionar vivências enriquecedoras para a formação emocional dos jovens do que na escola. É na escola onde ocorre boa parte da formação comportamental dos adolescentes.
Trabalhando a questão da autoestima na adolescência
A formação da autoestima depende da ação conjunta de vários elementos. Um deles é inato: a forma pela qual a pessoa percebe o mundo e a si própria. Tem gente que encara os fatos que lhes acontecem e as pessoas que as cercam sempre ou quase sempre favoravelmente, enquanto outras, ao contrário, sempre vêem as coisas de forma negativa. Esses olhares são componentes da personalidade.
Se a esta percepção negativa aliarem-se outros fatores também negativos, então é bem provável que haja baixa autoestima. Se, por outro lado, a uma personalidade positiva somarem-se fatores afirmativos, então a autoestima será alta. Portanto, além do fator personalidade (inato), muito importante é a ação do meio.
Muito embora os jovens apresentem atitudes desafiadoras e às vezes até agressivas, são, em geral, apenas formas de encobrir, de disfarçar a insegurança diante de tantas mudanças. É comum o jovem tornar-se mais crítico consigo próprio, com os amigos e com os familiares. Nestes momentos de insegurança diante do desconhecido, é importante que todas as figuras de adultos presentes na formação do jovem estejam atentas a esses sinais. Um boa conversa e uma atenta escuta desse jovem pode minimizar em grande parte essas condutas.
É importante possibilitar experiências para os jovens que possibilitem aos adultos reconhecerem seus esforços, mesmo que os resultados nem sempre sejam os melhores ou os desejados. O incentivo constante ao progresso de cada adolescente, a consideração das diferenças e aptidões individuais são algumas das atitudes saudáveis e produtivas que contribuem decisivamente para a autopercepção positiva. Acreditamos que o mais importante para o fortalecimento da autoestima é viabilizar momentos de escuta dos adolescentes onde seja possível ressaltar aspectos positivos de suas decisões e atitudes.
A Roda de Terapia Comunitária com Adolescentes
O Instituto Alce acredita na Roda de Terapia Comunitária no ambiente escolar, como um espaço integrador e acolhedor, de suma importância para propiciar a todos a prática do diálogo, do ouvir, da diversidade e do respeito, vivenciando seus próprios sentimentos e os do próximo.
A Roda de Terapia Comunitária com adolescentes proporciona um espaço importante no seu desenvolvimento. Há um espaço aberto para a garantia da fala e escuta desse jovem. Estabelece-se claramente um diálogo permeado pelas ausências de conselhos e julgamentos. Cria-se um canal onde as pessoas que normalmente têm dificuldade de se expressar, falem sobre elas.
Em nossas experiências com Roda de Terapia Comunitária, somos surpreendidos positivamente ao ver as pessoas, que até então demonstravam-se ser retraídas em outros espaços tradicionais, deterem a oportunidade da fala livre e exporem com consistência suas angustias e sentimentos.
Através de oficinas temáticas e direcionamentos dirigidos desses momentos de fala e escuta incentivamos os jovens a expressarem suas opiniões e pensamentos. Promovemos uma acolhida sem julgamentos ou interpretações onde é possível estabelecer uma relação de confiança e libertadora.